Exportações da indústria caem mais de 9% no RS
Crise argentina afeta as vendas externas gaúchas em abril
Porto Alegre, 9 de maio de 2019 – As exportações da indústria
gaúcha, com um total de US$ 893 milhões comercializados, sofreram uma forte
queda em abril (-9,3%) na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Apenas quatro dos 23 setores que registraram algum embarque para outros
países no mês, expandiram suas vendas: Celulose e papel (38,6%), Químicos
(5%), Tabaco (4,8%) e Bebidas (100%). O resultado de abril acompanha a
tendência verificada ao longo de 2019, pois no fechamento do trimestre de
janeiro a março, ocorreu uma redução de 5,2% nas exportações. “A crise
econômica argentina continua contribuindo para as perdas gaúchas. O vizinho
sul-americano é o terceiro principal destino de nossas vendas. Em abril, a
Argentina reduziu em mais de 50% as compras de produtos daqui”, destaca o
presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul
(FIERGS), Gilberto Porcello Petry.
Se quatro segmentos registraram aumento nas exportações, por
outro lado, 12 recuaram em abril, com mais intensidade no setor de Alimentos
(-15,9%), Máquinas e equipamentos (-21,5%) e Veículos (-31,7%). Apesar do
recuo em alimentos pela primeira vez em 37 meses, todas as mercadorias do
complexo da carne retomaram o crescimento nas exportações. A queda na
produção de proteína animal na China causada pela peste suína pode indicar o
início de uma recuperação do setor, aponta a FIERGS. Já as perdas sofridas
por veículos e máquinas e equipamentos também são consequência do
encolhimento do maior mercado comprador destes setores, a Argentina.
Ao mesmo tempo, as importações do Estado, que alcançaram US$
528 milhões, também caíram em abril, pela terceira vez consecutiva em 2019.
A queda foi generalizada entre as grandes categorias: Bens intermediários
(-36,1%), Bens de consumo (-47,7%), Combustíveis e lubrificantes (-96,4%) e
Bens de capital (-4,4%). A redução de 45,3% nas compras de insumos
industriais elaborados (-US$ 142 milhões), especialmente nafta para
petroquímica, foi determinante para a baixa nas importações.
ACUMULADO – De janeiro a abril, as exportações acumuladas da
indústria gaúcha (US$ 5,5 bilhões) sofreram uma retração de 5,9% na
comparação com o mesmo período de 2018. Desconsiderando o registro de
plataformas de petróleo no âmbito Repetro, o setor secundário assinalou queda
de 2,3%. Por sua vez, o montante importado pelo RS atingiu US$ 2,9 bilhões,
decréscimo quadrimestral de 12,8% ante o mesmo período de 2018.
Mudanças no registro de exportações distorce o resultado da balança nos
estados
– As exportações totais do Rio Grande do Sul somaram US$ 1,1 bilhão em
abril, recuo de 28,2% em relação ao mesmo período de 2018, assinalando a
terceira queda consecutiva desde o início do ano. A diminuição do registro de
vendas externas da Soja (-63,9%) influenciou negativamente o resultado.
Porém, boa parte da queda remete à implantação da Declaração Única de
Exportação (DU-E) no portal do Sistema Integrado de Comércio Exterior
(Siscomex). Essa declaração permite o embarque antecipado de algumas
mercadorias sem nota fiscal, proporcionando agilidade no processo de
exportação. Contudo, a ausência das notas fiscais implica no registro de
mercadorias de origem “Não Declarada”, produzindo distorções no resultado
mensal da Balança Comercial.
– As operações realizadas baseadas na DU-E apresentam um tempo médio de
seis dias, entre o registro da declaração e o embarque da mercadoria, ante os
13 dias do antigo processo.
– Nos casos de embarque antecipado sem a nota fiscal, o exportador
apresenta a nota em algum momento após o embarque (depois de recepção
dos dados no sistema). Enquanto a exportação está sem nota, o sistema atribui
o status de “Não Declarada” ao campo da Unidade da Federação (UF). Nos
meses subsequentes, o valor exportado por essas operações é corrigido à
medida que a NF é apresentada, normalizando os registros das balanças
comerciais dos estados.
– Segundo levantamento realizado pela Unidade de Estudos Econômicos da
FIERGS, a estimativa é de que US$ 295 milhões em soja deixaram de ser
registrados e agregados às exportações do Estado em abril de 2019.
Historicamente, quase a totalidade da soja gaúcha tem sido embarcada pelo
Porto de Rio Grande. Portanto, adicionando a soja “Não declarada” referente a
esta Unidade da Receita Federal (URF), verificaríamos uma queda bem menor
das exportações totais do Estado: 9,5%, ao invés da retração de 28,2%.
FONTE: Unidade de Comunicação do Sistema FIERGS