Dois Lajeados sedia encontro de Sementes Crioulas, Biodiversidade e Alimentação Orgânica
23/05/2019 21:08 em Novidades

Um público de cerca de 500 pessoas – entre agricultores, estudantes, representantes de entidades e lideranças –, de mais de 40 municípios diferentes, lotou o salão paroquial de Dois Lajeados nesta quinta-feira (23/05) para o primeiro Encontro Arquidiocesano de Sementes Crioulas, Biodiversidade e Alimentação Orgânica. Organizado pela Articulação em Agroecologia do Vale do Taquari (AAVT), coletivo que envolve diversas entidades, entre elas a Emater/RS-Ascar, o evento contou com diversos painéis em que foram discutidos temas, como, homeopatia, manejo sustentável dos solos e uso de agrotóxicos.

 

Alusiva à Semana Nacional do Alimento Orgânico e também aos dez anos de fundação da AAVT, a atividade também contou com almoço com produtos orgânicos, debates, trocas de experiências e de sementes crioulas e comercialização de artesanato e de produtos de agroindústrias familiares que adotam a agricultura de base ecológica como modelo. “A intenção geral do evento foi a de fazer um resgate com vistas a conscientizar e conservar esse conhecimento, esse saber fazer com vistas a manutenção da genética”, analisa o assistente técnico regional em Manejo de Recursos Naturais da Emater/RS-Ascar, Marcos Schäfer.

 

Schäfer salienta ainda que o encontro visa a promover uma alimentação mais saudável e que promova a agricultura familiar em consonância com a preservação da natureza e dialogando, ainda, com as tecnologias disponíveis. “O objetivo é muito mais fazer com que as pessoas permaneçam com saúde, evitando assim a busca desenfreada pela cura de doenças que possam surgir em decorrência da falta de uma boa alimentação”, reforça. Como forma de fazer uma conexão com este tema, a extensionista da Emater/RS-Ascar Tatiane Turatti ministrou palestra em que perguntou a plateia “O que é se alimentar bem?”.

 

Em sua fala, Tatiane apresentou elementos que corroboram a tese de que o atual modelo agrícola brasileiro compromete a biodiversidade, degrada o meio ambiente e desvaloriza a alimentação com mais espécies disponíveis. “Hoje em dia há uma aposta na monocultura, com excessivo uso de insumos químicos e ampla difusão de sementes transgênicas”, pontua, destacando ainda o fato de que comer não é apenas satisfazer as necessidades básicas. “É importante fazer escolhas saudáveis, buscando participar dos processos de decisão sobre alimentação, afinal de contas, comer é um ato político”, destaca.

 

Para o agricultor Sadi Giacomin, o estímulo às práticas Agroecológicas é uma das principais justificativas para reunir um grande número de pessoas em torno do tema. “Eu mesmo produzo alimentos orgânicos há apenas seis anos, quando descobri uma severa doença que afeta os meus joelhos e que foi resultado do excessivo uso de agrotóxicos nas lavouras de fumo, que eram mantidas pelos meus pais desde que era criança”, comenta. Atualmente, Giacomin produz frutas e verduras limpas, além de geleias e conservas que são vendidas em feiras locais. “Sinto-me muito melhor, mais disposto”, frisa.

 

O encontro contou com a participação de lideranças e representantes de entidades, como o prefeito de Dois Lajeados, Tiago Grando, a secretária regional da Caritas/RS Jacira Dias Ruiz e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) Moacir Olmi, supervisor da Emater/RS-Ascar Cezar Burille e o representante da Arquidiocese de Passo Fundo, Padre Ladir Casagrande. A promoção foi da Paróquia São Roque, STR, Cáritas Passo Fundo, Núcleo de Estudos em Agroecologia da Universidade de Passo Fundo (NEA/UPF) e Emater/RS-Ascar, além da AAVT.

 

Sobre as Sementes Crioulas

 

São sementes tradicionais que foram mantidas e selecionadas por várias décadas através dos agricultores e povos tradicionais. Esse material guarda em si a riqueza natural da terra, devendo assim ser preservadas e disseminadas. As sementes crioulas são, sobretudo, uma bandeira de resistência e de defesa da autonomia no campo, sendo essencial que os agricultores voltem a ter em suas mãos a garantia de sua subsistência. “É também uma forma de amor, pois cultivar alimentos com sementes orgânicas é ofertar é ofertar ao público mais saúde e mais sabor”, argumenta Schäfer.

 

Reportagem:

Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Lajeado

Jornalista Tiago Bald

 

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